Emergências em condomínio

emergência em condomínios

Não é possível antecipar tudo, mas é possível mitigar riscos

Quem é síndico sabe: por mais preparado que esteja, sempre há uma emergência a caminho. Infelizmente, mesmo com tudo em dia, há situações em que não adianta qualquer tipo de preparo.

Um cano que estoura de repente, um incêndio no condomínio, uma morte na área comum ou em uma das unidades, uma invasão ou um vazamento de gás podem acontecer em qualquer empreendimento. O que diferencia a competência da gestão, nesses casos, é saber como agir.

“É fundamental, principalmente para os síndicos profissionais, contarem com um plano de contingência para cada condomínio. Saber o que fazer quando essas situações acontecem, e oferecer um caminho para que os funcionários saibam como e o que executar, evita problemas posteriores”, explica a síndica profissional Tania Goldkorn.

Para isso, é interessante manter um checklist físico na portaria com os contatos dos prestadores de serviço parceiros do condomínio – como empresas de elevadores e bombas – e números de emergência, como o SAMU e os bombeiros.

“Um item que muitas vezes falta nos condomínios e que é essencial em situações como essas é um cadastro atualizado de todos os moradores. Quando há necessidade de entrar em contato, facilita muito ter todos os dados atualizados”, aponta Rose Schiappati, executiva sênior na administradora Sell.

A síndica profissional Karine Lima conta que um checklist diário e semanal para zeladores e manutencistas previne a grande maioria dos problemas que poderiam ocorrer por falta de manutenção adequada.

“Passar um protocolo adequado e cobrar do colaborador ajuda muito no sentido de evitar manutenções corretivas”, afirma.

Cano estourado no condomínio

Porém, nem todos os acidentes em condomínio podem ser evitados com manutenção preventiva.

“Passei por uma situação em um condomínio comercial em que uma das unidades estava passando por uma obra clandestina. Não avisaram a administração e estouraram o cano de incêndio. O jato de água é muito impressionante. Como isso aconteceu em um final de semana, a água invadiu as salas de baixo e o elevador. O prejuízo total foi de R$ 300 mil, entre problemas nos elevadores e equipamentos danificados das outras unidades. Tivemos que contratar assistência jurídica, porque o condômino não quis se responsabilizar”, narra Karine.

Quando há uma situação como essa, de um cano estourado jorrando água pelo condomínio, o primeiro passo é cessar o fluxo de água.

“É importante que zeladores, rondistas e manutencistas saibam quais registros fechar em um momento como esse. A equipe deve ser preparada para isso”, aponta o síndico profissional Ualison Matos.

Ele ainda sugere que os esquemas hidráulicos sejam de fácil entendimento e que estejam à disposição dos funcionários para consulta, caso necessário.

Depois de fechar o registro, é importante que os funcionários avisem o síndico e averiguem os danos causados.

“Infelizmente é uma situação que pode acontecer tanto em condomínios mais antigos quanto em empreendimentos muito novos, ainda em implantação”, ressalta Tania.

Caso os funcionários não consigam fechar a água, saber a quem recorrer é fundamental.

“Os funcionários também devem ter sempre à mão o contato de duas ou três empresas de confiança e especializadas, para entrarem em contato em casos como este”, aponta Roberto Piernikarz, sócio da administradora BBZ.

Fogo no condomínio

Uma das situações mais desesperadoras em condomínios, o incêndio costuma receber bastante atenção não apenas dos síndicos, mas também das autoridades.

Por isso, é fundamental que toda a documentação referente ao AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) esteja em dia.

No entanto, os síndicos ouvidos pela Universidade Condominial relataram que a origem mais frequente de incêndio nos empreendimentos onde atuam está nas unidades privativas.

“Mesmo as unidades não sendo responsabilidade do síndico, laudos de elétrica e hidráulica do condomínio devem estar sempre em dia, assim como a vistoria anual. É o tipo de coisa que não se pode ‘ver depois’. Em caso de incêndio, o elevador para e todos os moradores devem descer pelas escadas. A Brigada de Incêndio toma as primeiras providências, mas é essencial, antes de qualquer medida, chamar os bombeiros”, detalha Tania.

Após a chamada dos bombeiros, os funcionários devem também acionar o síndico.

“Fogo no condomínio pode ser uma situação de extremo estresse para todos, inclusive funcionários. Mantê-los sempre atualizados sobre como agir confere confiança e evita afobamento nesse momento”, pontua Ualison.

Invasão de condomínio

A segurança de se morar em um condomínio é um dos principais atrativos, principalmente nos grandes centros urbanos. No entanto, ela deve ser levada muito a sério por todos.

O trabalho preventivo é essencial.

Mas, se o condomínio estiver sofrendo uma invasão, o correto é chamar a polícia o mais rápido possível.

“Nesse caso, a gente sempre deve seguir o que falam os especialistas em segurança: evitar trocar agressões com os bandidos. Quanto antes eles saírem do condomínio, melhor para todo mundo, assim evita-se tiroteio e situações do tipo”, destaca Roberto.

Vazamento de gás no condomínio

Gás em condomínio é algo que deve ser tratado com extrema seriedade. Afinal, uma explosão pode causar enormes danos.

Esse é mais um caso em que as manutenções devem estar em dia – tanto nas áreas comuns quanto nas unidades.

O teste de estanqueidade deve ser feito anualmente, de acordo com a NBR 15358.

“Tive um caso de um morador que, ao instalar uma coifa, perfurou a tubulação de gás da unidade de cima. Desligamos o gás de todo o bloco. A concessionária veio e conferiu, após o reparo, para fazer a religação. Apesar de enfrentar críticas dos moradores por ter colocado a segurança acima do conforto, já que houve de fato um período em que ficaram sem gás, acho que é o correto a ser feito. O gás é silencioso e perigoso”, detalha Tania.

Passado o susto

Depois que o síndico e a equipe do condomínio resolvem a emergência, o gestor deve comunicar bem aos moradores quais medidas foram tomadas e como evitar que o problema volte a ocorrer.

“Essa comunicação é imprescindível e deve ser feita com muita atenção e cuidado, para evitar desdobramentos políticos para a gestão do síndico. Seja transparente e esteja disponível para tirar qualquer dúvida que os moradores tenham”, aponta a síndica profissional Ligia Ramos.

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