Essenciais para a tomada de decisões coletivas, as reuniões de condomínio enfrentam desafios crescentes que levam à baixa participação e a conflitos acalorados. O especialista Márcio Rachkorsky esclarece as principais problemáticas para tornar os encontros mais produtivos e harmoniosos.
As reuniões de condomínio, essenciais para a tomada de decisões coletivas, enfrentam desafios crescentes que levam à baixa participação e a conflitos acalorados.
No fim de agosto, por exemplo, um médico legista sacou uma arma de fogo durante uma reunião na Zona Sul de São Paulo. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o agressor foi contido por outros moradores e que não houve feridos.
O especialista Márcio Rachkorsky esclarece as principais problemáticas e as soluções para tornar esses encontros mais produtivos e harmoniosos.
Adesão é baixa nas reuniões? 📉
A participação nas assembleias é alarmantemente baixa, com uma média de apenas 20% dos moradores.
Essa ausência massiva dificulta a tomada de decisões cruciais. Muitos moradores estão “traumatizados” por experiências passadas e evitam esses encontros por anos. A situação é comparada à participação política: se você não se envolve, as decisões ficam nas mãos de poucos.
Comportamentos abusivos transformam assembleias em campos de batalha 😠
As assembleias são, frequentemente, palco de confusão. Há relatos de palavrões, ofensas, brigas e agressões, com muitas reuniões terminando na delegacia.
Um problema frequente é quando moradores chegam atrasados e querem discutir assuntos que já foram tratados.
Outro erro é a tentativa de discutir assuntos pessoais em vez de coletivos — problemas individuais devem ser tratados com o síndico, administradora ou zelador, não na assembleia.
Como resgatar a paz e a ordem nas assembleias? 🤝
Para tornar as assembleias mais produtivas e respeitosas, algumas regras simples são fundamentais:
- Pauta clara e prévia: é essencial que a pauta seja definida e que ninguém se desvie dela;
- O síndico deve enviar o material da reunião com antecedência para que todos se preparem;
- Eleição de um presidente: a assembleia deve eleger um morador para presidir a mesa, responsável por conduzir os trabalhos e manter a ordem;
- Ordem para falar: deve haver uma ordem de inscrição para as falas, evitando que as pessoas se atropelem ou que quem fala mais alto domine a discussão;
- Conforto: oferecer um bolo e um café pode fazer a diferença, considerando que muitos chegam cansados e com fome do trabalho;
- Medidas disciplinares: em casos de comportamento abusivo, o presidente da mesa deve advertir a pessoa e exigir respeito;
- Na persistência, pode-se pedir para o indivíduo se retirar e, se os ânimos se exaltarem, o presidente pode encerrar a assembleia para preservar a segurança de todos. Dependendo da agressão, um boletim de ocorrência na delegacia deve ser registrado;
- Discussão pré-assembleia: organizar um canal de discussão no chat ou aplicativo do condomínio antes da reunião pode alinhar o conhecimento de todos.
Assembleias digitais são a solução? 💻
As assembleias digitais representam uma “grande revolução” na gestão condominial.
Elas são mais rápidas, confortáveis, práticas e objetivas, e contam com previsão legal desde a pandemia, permitindo a votação digital.
Uma das maiores vantagens é a possibilidade de mutar o microfone de indivíduos mal-educados.
Gravar reuniões é permitido e eficaz? 📹
Sim, é necessário gravar as assembleias, sejam elas presenciais ou digitais.
A gravação serve como segurança e registro do que foi tratado. A simples informação de que a reunião será gravada já pode fazer com que pessoas com intenção de se comportar mal pensem duas vezes, ajudando a controlar o ambiente.
Segundo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), não é preciso de autorização prévia dos participantes, apenas informar que a reunião será gravada. No entanto, é obrigação do síndico preservar a imagem, utilizando o vídeo apenas como, caso seja necessário.
Fonte: https://g1.globo.com/