Especialistas convidados pelo Secovi-SP debateram, em mais uma edição do SindExpert, os desafios e as boas práticas para a adoção de sistemas de biometria facial em condomínios. O encontro ocorreu em 12 de setembro, na sede da entidade, reunindo síndicos e administradores para aprofundar o tema sob aspectos técnicos e jurídicos.
O diretor de condomínios do Secovi-SP, Sérgio Meira de Castro Neto, abriu o evento destacando a relevância do tema diante das transformações do mercado imobiliário e das crescentes demandas por segurança.
Na sequência, o engenheiro de computação Victor Moreira, com mais de 11 anos de experiência em controle de acesso, explicou o funcionamento da tecnologia de reconhecimento facial. Segundo ele, os equipamentos atuais vão além da simples liberação de entrada, oferecendo recursos como certificação de vivacidade, integração com sistemas de interfonia e câmeras, além de funcionalidades adicionais, como exibição de avisos e comunicação com moradores.
Victor alertou, porém, para a necessidade de atenção na instalação e manutenção: “A qualidade da foto de cadastro é essencial para evitar falhas. Quanto melhor a imagem, menor o risco de falsos positivos ou negativos. Outro ponto crítico é a segurança dos equipamentos, que devem contar com módulos adicionais para dificultar tentativas de invasão.”
Na parte jurídica, a advogada Ângela Hilda Gibran, especialista em direito imobiliário e proteção de dados, abordou os cuidados exigidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ela destacou que a biometria é considerada dado sensível, o que implica regras específicas para coleta, armazenamento e uso.
“A implantação só pode ser feita com consentimento expresso dos condôminos, aprovado em assembleia, e sempre oferecendo meios alternativos de acesso, como cartões, senhas ou tags. O morador não pode ser punido por se recusar a fornecer seus dados”, explicou.
Ângela lembrou ainda que tanto o condomínio quanto as empresas responsáveis pelo tratamento das informações respondem solidariamente em caso de vazamento ou mau uso. Por isso, recomendou que síndicos adotem políticas claras de privacidade, contratos adequados com fornecedores e treinamento de funcionários.
Segundo ela, além das multas da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), o maior risco é o dano reputacional: “Ninguém quer ver o nome do condomínio exposto negativamente por falhas na proteção de dados”.
O evento reforçou que, embora a biometria facial represente praticidade e valorização patrimonial, sua adoção exige planejamento, transparência e respaldo jurídico para garantir segurança sem abrir mão dos direitos dos condôminos.
Ao encerrar, Moira Toledo, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, comentou sobre a edição 2025 do Enacon e a preparação para o encontro de 2026.
Fonte: https://secovi.com.br/biometria-facial-em-condominios-exige-cuidados-tecnicos-e-juridicos/