Eleição para síndico do edifício JK, em BH, tem bate-boca e vitória de braço-direito de ex-síndica

eleição em condomínio

A reunião extraordinária convocada para eleger o novo síndico do histórico edifício JK, em Belo Horizonte, tem clima tenso, contestação da eleição e bate-boca entre moradores, na manhã desta terça-feira (30). A reportagem da Itatiaia acompanhou o encontro do lado de fora do auditório, já que a imprensa foi proibida de entrar.

A eleição encerra 40 anos de poder de Maria Lima das Graças, de 78 anos, que está internada em estado grave em Belo Horizonte. Porém, manteve Manuel Gonçalves de Freitas Neto, de 61 anos, braço-direito de Maria há décadas. A trajetória dele no condomínio com mais de 1,1mil apartamentos soma 38 anos, de acordo com o representante do condomínio.

Discussões acaloradas e trocas de acusações ocorrem durante o pleito. Moradores que se opõem à atual gestão de Manuel, alegam que a eleição do novo síndico não pode ocorrer em reunião extraordinária, mas, sim, em assembleia ordinária, tradicionalmente realizada em março.

Para reforçar a contestação, o grupo conseguiu procurações de outros condôminos e pretende usar o documento como prova da irregularidade, para anular a eleição de hoje, que teve chapa única.

Mesmo sendo possível ouvir, do lado de fora do auditório lotado, gritos de “não”, Manuel foi eleito. Ele afirmou ter mais de 200 procurações, mas não apresentou os documentos. Muitos moradores ainda questionaram o fato de que a assembleia foi marcada em horário comercial, o que dificulta a ida de proprietários e moradores.

A mesa da assembleia foi presidida pelo advogado do condomínio, Faiçal Assrauy. O advogado Ércio Quaresma — famoso por atuar no caso do goleiro Bruno — atuou como assistente da diretoria.

O designer Rafael Silva de Paula relatou frustração com a condução da assembleia. “Pelo que eu entendi, a mesa falava e os moradores se manifestavam, mas não eram ouvidos. Passava-se por cima, aprovavam o que queriam, literalmente. Era desse jeito”, disse. Segundo ele, a experiência foi tão negativa que chegou a provocar mal-estar. “Saí de lá chocado, sentindo até um leve enjoo, tremendo por dentro. Acho que foi a maior palhaçada que já vi.”

O servidor público Leandro Boaventura contou que deixou a assembleia após presenciar episódios de tumulto e agressão. Segundo ele, “a mesa diretora não deixa nossos condôminos darem a nossa opinião e nem votarmos. Ele cessa, ele corta toda e qualquer manifestação, qualquer opinião”.

Leandro relatou que uma moradora chegou a ser retirada da cadeira à força por seguranças após questionar a condução da votação. “Eles não nos deixam conferir os documentos que são públicos, que são as procurações que o síndico tem para votar em si mesmo. Ele tem centenas e centenas de procurações para votar em si mesmo e não deixa nenhum de nós conferir”, afirmou.

Após ser eleito, Manoel fez uma breve declaração: “Eu me elegi, graças a Deus, e acho que todos nós trabalhamos por uma causa em comum: o JK. Sei que muita gente não concorda, mas a divergência é sempre bem-vinda. O importante é que a maioria venceu, e nós vamos fazer um excelente trabalho voltado para os moradores e para o condomínio. Sempre que eu tiver tempo e legalmente puder, vou apresentar os dados”, disse.

Convocação

A convocação ocorreu devido ao estado de saúde da administradora. Segundo o advogado do condomínio, Faiçal Assrauy, seu quadro continua ”bem complicado’’. Ela está internada há mais de um mês no Hospital Felício Rocho, na mesma região, e não tem perspectiva de melhora. A causa da hospitalização não foi divulgada.

O chamado da assembleia foi assinado por Manuel, síndico em exercício, que já estava na administração durante o afastamento. Ele, Maria das Graças e o condomínio respondem a uma denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por crimes contra o patrimônio cultural, devido à falta de manutenção em áreas tombadas. A audiência está marcada para 7 de outubro.

40 anos

Não se sabe ao certo em que ano Maria Lima das Graças assumiu o cargo. Um documento do Ministério Público aponta que, em dezembro do ano passado, ela já estava há 35 anos como síndica. O advogado do condomínio, no entanto, fala em “aproximadamente 40 anos”. Os moradores estipulam 42 anos.

Fonte: https://www.itatiaia.com.br/cidades/eleicao-para-sindico-do-edificio-jk-em-bh-tem-bate-boca-e-vitoria-de-braco-direito-de-ex-sindica

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