Polícia prende ex-síndico e mais sete na Operação Villa Germânica; ação envolve 200 agentes e quatro cidades.
A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira (12) a Operação Villa Germânica, que mobilizou cerca de 200 agentes em uma grande ação contra o crime organizado em São Leopoldo e região. O objetivo é desarticular uma facção responsável por extorsões, ameaças e apropriação indevida no condomínio Villa Germânica, localizado no bairro Santos Dumont, onde moradores vinham sendo coagidos e vivendo sob medo constante.
Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha e Porto Alegre.
Entre os presos está o ex-síndico e advogado André Queiroz Rocha, apontado como uma das figuras centrais na articulação do grupo criminoso. Segundo o delegado Rodrigo Câmara, titular da 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo, o advogado foi preso enquanto tentava fugir, colocando documentos em uma mala.
André havia deixado o cargo de síndico após uma assembleia realizada no Fórum de São Leopoldo, em outubro, quando uma nova administração foi escolhida judicialmente. Ele teria assumido o posto provisoriamente e de forma irregular em agosto, logo após a morte do então síndico, que faleceu por problemas de saúde.
Conforme apurado, o advogado recebia mais de R$ 4 mil mensais pela função, além de R$ 1,5 mil fixos por assessoria jurídica e valores extras por honorários de ações judiciais, incluindo cobranças de condomínio.
Operação mobilizou forças em quatro cidades
A operação, coordenada pela 2ª DP de São Leopoldo, contou com o apoio da Brigada Militar, Polícia Penal, CORE e unidades da Polícia Civil de toda a Região Metropolitana. Foram 860 apartamentos fiscalizados em 42 blocos do condomínio, com o uso de helicóptero e dezenas de viaturas.
O líder da facção, conhecido como “Zoreia”, já se encontrava preso, mas também é alvo de um novo mandado de prisão preventiva — medida que busca estender seu tempo de reclusão e interromper sua influência dentro e fora do presídio.
De acordo com o delegado Rodrigo Câmara, a ação representa uma resposta firme do Estado à comunidade de bem que vive no local e vinha sendo alvo de violência e intimidação. O diretor da Polícia Civil Metropolitana, Cristiano Fiolic Alvarez, destacou que a operação reafirma a presença do Estado e o compromisso com a segurança dos moradores: “É o Estado mostrando que não vai permitir que criminosos se apropriem de espaços da comunidade.”
Contexto: medo e domínio criminoso
Nos últimos meses, o condomínio Villa Germânica tornou-se símbolo de uma disputa entre moradores e integrantes de uma facção criminosa, que usava o controle do local para extorquir e ameaçar.
As práticas incluíam cobranças ilegais de taxas, intimidações físicas e psicológicas, além de tentativas de interferência nas eleições do condomínio. O caso ganhou grande repercussão pública em redes sociais e grupos de moradores, gerando diversos relatos de coação, medo e abandono do local por famílias inteiras.
A Polícia Civil reforçou que o foco principal é restaurar a ordem, proteger os moradores e interromper qualquer influência ilícita sobre a gestão do condomínio.
As investigações continuam e novas prisões não estão descartadas.


