Moradores denunciam falhas em condomínio na zona norte de Sorocaba

problemas com a construtora

Segundo depoimentos dos condôminos, parte da fiação elétrica fica submersa após as chuvas, oferecendo risco à segurança

ALISSON ZANELLA

Moradores de um condomínio localizado no bairro Parque São Bento, na zona norte de Sorocaba, denunciam uma série de falhas estruturais e elétricas desde a entrega dos apartamentos, em julho deste ano. Segundo relatos, os problemas vão de paredes tortas e portas mal encaixadas a infiltrações, falta de água e quedas constantes de energia.

Segundo eles, mesmo após inúmeras tentativas de contato com a construtora, a maior parte das demandas segue sem solução. “O principal problema hoje é o elétrico. Não tem como não falar disso. E a construtora não responde”, diz o síndico do condomínio, James Alves de Oliveira, que afirma que as falhas têm deixado os moradores sem energia e água por longos períodos. “Esse último final de semana foi um caos, ficamos quase 20 horas sem água.”

Além da instabilidade elétrica, há relatos de fiação submersa após chuvas, o que coloca em risco a segurança de todo o conjunto habitacional. “Quando chove, tudo fica debaixo d’água, inclusive a fiação. A fiação do condomínio todo está debaixo d’água”, relata o síndico. De acordo com os entrevistados, há mais de um mês a situação se repete, sem respostas da empresa.

Os moradores relatam ainda prejuízos materiais e pessoais. A moradora Larissa Bertozzi contou que perdeu um dia de trabalho por falta de água e teve o salário descontado. Outra relatou que a geladeira queimou após sucessivas quedas de energia, resultando na perda de alimentos. “Eles pedem nota fiscal do eletrodoméstico, mas ninguém guarda nota de uma geladeira comprada há anos”, lamenta Maiara Brás.

Problemas de esgoto também afetam o cotidiano. “O cheiro começa por volta das cinco da tarde e quem mora no térreo precisa fechar tudo, porque é insuportável”, conta Edvania dos Santos.

Os problemas estruturais também são inúmeros. “As paredes são tortas, as janelas mal colocadas, a porta não fecha e o esgoto volta”, descreve Maiara. Em um dos apartamentos, a queda de água do banheiro foi construída no sentido errado, fazendo com que a água escorra para fora do cômodo. “Para eles consertarem, querem que eu tire o box, e se quebrar, a responsabilidade é minha”, explica.

Edvania também relatou um erro grave no encanamento de gás: “Colocaram o gás de um apartamento no outro. A moradora ficou uma semana sem cozinhar até descobrirem que o botijão estava ligado no vizinho.”

O síndico do condomínio afirmou que o prejuízo financeiro já ultrapassa R$ 10 mil apenas em danos às estruturas comuns, como bombas da piscina e equipamentos elétricos. Ele informou ainda que uma assembleia será realizada nas próximas semanas para discutir a elaboração de um laudo técnico e possível ação judicial.

Os ocupantes destacam o sentimento de frustração com o empreendimento, que custou, em média, R$ 255 mil por unidade. “Pagamos caro e recebemos um condomínio que parece ter sido feito às pressas. A gente sonhou com o nosso lar e agora tem medo de ligar o chuveiro ou abrir a torneira”, desabafa Maiara.

Segundo os moradores, a construtora responsável foi procurada diversas vezes, via aplicativo, e-mail e telefone, mas afirmam que os canais de atendimento são ineficazes. “O aplicativo some com as solicitações, o WhatsApp só responde automaticamente e, por telefone, te deixam esperando até desistir”, afirma Ana Laura de Melo.

Enquanto aguardam respostas, os moradores dizem viver sob constante incerteza. “A gente só quer o que é nosso por direito. Queremos que a construtora entregue o condomínio como prometido — com segurança, dignidade e estrutura. Até agora, isso não aconteceu”, conclui o síndico.

O que dizem os envolvidos

O Saae/Sorocaba informou que não tem registro de problemas na rede de abastecimento que atende esse condomínio nos últimos três meses, sem queixas ou protocolos de atendimento em aberto. A recomendação, em caso de ocorrência, é protocolar a reclamação na autarquia por um dos canais disponíveis (0800 770 1195 ligação gratuita ou 15 3224-5800), a fim de que o caso seja apurado.

“Em relação ao mau cheiro, o Saae/Sorocaba também não recebeu reclamações desse tipo ultimamente. As Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) operam normalmente, atendendo a todos os padrões estabelecidos, inclusive aquelas localizadas na zona norte da cidade. Mesmo assim, a autarquia continuará monitorando os arredores, para atuar caso a situação seja identificada”, diz, em nota.

A autarquia explica que as ETEs funcionam 24 horas por dia e que, em períodos de estiagem, pode haver intensificação na liberação de odores, o que, associado à inversão térmica em determinados momentos do dia, dificulta a dispersão desses odores na atmosfera.

A CPFL Piratininga também informou que não possui registros de interrupções de energia no condomínio mencionado e que vem realizando manutenções preventivas de forma constante na rede elétrica.

O que diz a construtora

A Direcional Engenharia, responsável pelo condomínio, informou em nota que “a construtora mantém contato direto e constante com o síndico do empreendimento, que está ciente de todas as ações realizadas e acompanhou pessoalmente as visitas técnicas da equipe de assistência ao longo desta semana. Diversas situações já foram solucionadas, e a construtora mantém uma equipe trabalhando no local para realizar outras melhorias. A empresa reforça a importância de os condôminos seguirem as orientações detalhadas no manual do proprietário, uma vez que o cumprimento das especificações técnicas é essencial para garantir a segurança e o bom funcionamento das instalações”. Contudo, a empresa não detalhou sobre os problemas citados nem se existe um cronograma para o atendimento do local. (Lavínia Carvalho – programa de estágio)

Fonte: https://www.jornalcruzeiro.com.br/sorocaba/noticias/2025/11/amp/754057-moradores-denunciam-falhas-em-condominio-na-zona-norte-de-sorocaba.html

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