Moradores do JK se mobilizam para tentar garantir transparência em eleição para síndico

votação transparente em condomínio

Ideia é contar com o máximo de condôminos para a eleição, marcada para terça-feira (30), além de exigir uma contagem transparente dos votos

Após mais de quatro décadas sob comando da mesma síndica, o tradicional edifício JK, em Belo Horizonte, se prepara para uma nova eleição para a administração do condomínio, marcada para a próxima terça-feira (30/9). Diante da possibilidade dos aliados da antiga gestora se manterem no poder, um grupo de moradores está se mobilizando para levar o máximo de condôminos para a votação e, assim, garantir a lisura do processo.

Entre os pontos criticados desde que a assembleia foi anunciada está o fato de que ela acontecerá exatamente uma semana antes do julgamento do processo movido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A ação na Justiça pode “derrubar” a chapa da antiga síndica e do então gerente – hoje síndico em exercício – por irregularidades na conservação do prédio desenhado por Oscar Niemeyer e tombado como patrimônio da capital.

Nesta sexta-feira (26/9), O TEMPO conversou com a tradutora Julieta Sueldo Boedo, 54, argentina naturalizada no Brasil e moradora do edifício desde 2015. Ela afirma que a convocação para a assembleia, feita uma semana antes da eleição, já demonstra que a metodologia do grupo que está no poder temporariamente será o mesmo da antiga síndica.

“Não tem como um brasileiro comum estar disponível para participar de uma reunião de condomínio em uma terça-feira às 10h. Todo mundo sabe que, de 8h às 17h, o mais comum é que a pessoa esteja no trabalho. Sem falar que contávamos que a assembleia seria em novembro, até mesmo por ter ocorrido outra eleição em dezembro de 2024, que, inclusive, aconteceu em um sábado”, pontua a moradora.

Apesar das contestações acerca da data e horário, o ponto que, talvez, seja o mais temeroso, segundo Julieta, seria a cláusula seis do documento, que prevê a “ratificação de todos os atos praticados pela administração do condomínio até está data”. “Isso tudo indica que eles estão procedendo a mesma forma que em todas as assembleias anteriores. Se eles não apresentarem as propostas, não fizeram campanhas, não providenciaram as informações de quantos moradores existem para a outra possível chapa, fica difícil ter concorrência, entende?”, pondera a moradora.

Contagem de votos

Ainda conforme Julieta Boedo, os moradores estão se movimentando principalmente para tentar garantir que o máximo de pessoas participem ou enviem representantes para a assembleia, por meio de procurações devidamente assinadas. “O mais importante é garantir a participação do maior número de moradores e que eles possam se posicionar”, disse.

Outro ponto que o grupo de condôminos pretende garantir durante a votação é que seja feita uma contagem dos votos. “Precisamos garantir que os votos sejam contabilizados, com os nomes de quem votou, seja por procuração ou não. Nenhuma ata das assembleias anteriores trouxe o nome das pessoas que votaram. Normalmente, a eleição ocorre por ovação e pelas procurações que eles dizem ter”, explica.

Apesar da mobilização, Julieta disse não acreditar que haverá tempo hábil para que uma chapa concorrente seja apresentada. Segundo ela, o ideal seria que eles consigam adiar a eleição, para garantir tempo suficiente para que outra chapa seja apresentada.

A convocação

A eleição para os cargos de síndico, subsíndico e conselheiros foi anunciada na última terça-feira (23/9), quando a convocação para a assembleia começou a ser entregue aos moradores do edifício. O documento é assinado pelo síndico em exercício, Manoel Gonçalves de Freitas Neto, que é um dos alvos da ação movida pelo MPMG na Justiça.

Além da eleição, o documento ainda prevê discussões sobre a modernização dos elevadores, do sistema de iluminação e do sistema de identificação de visitantes. Há também previsão para a ratificação de novas regras para circulação de animais e a autorização para a realização de um cadastro eletrônico de e-mail e WhatsApp dos moradores.

Procurado por O TEMPO após as críticas do moradores à convocação, o advogado do condomínio, Faiçal Assrauy, informou que a assembleia está aberta a “todos concorrerem”. “Quanto à data escolhida (para a assembleia), a gestão de um condomínio com 5 mil moradores, centenas de processos judiciais, com aproximadamente 100 empregados e colaboradores, não pode se pautar por uma audiência”, completou.

Na nota, o advogado ainda afirma que, juridicamente, não há “qualquer previsão de afastamento do corpo diretivo do condomínio na referida audiência”. “No processo referido, o judiciário, respeitando o desejo da maioria dos condôminos, negou o afastamento da síndica, que só ocorreu, porque seu problema de saúde está grave e sem perspectiva de melhora”, completou Assrauy.

Fonte: https://www.otempo.com.br/cidades/2025/9/26/moradores-do-jk-se-mobilizam-para-tentar-garantir-transparencia-em-eleicao-para-sindico

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