Liège Alves
Regras de ouro e reflexões para auxiliar na boa comunicação em grupos de Whatsapp de condominios
Grupos de Whatsapp podem ser uma fonte de distração ou de irritação. De problema de convivência ou de informação útil. Tudo depende de como é usado e administrado. Quem nunca saiu de um grupo após se incomodar com a falta de foco ou de distorções dos propósitos que jogue o primeiro meme.
Os grupos de condomínios sofrem com estas mesmas questões. Há exemplos de boa utilização, quando se torna uma fonte de trocas de dicas de fornecedores, de avisos relevantes, inclusive de segurança, de estímulo à solidariedade entre vizinhos, ou até mesmo de venda de serviços ou produtos dos moradores. Ou pode ser uma fonte permanente de discussões e críticas. Oficialmente, a maioria dos moradores prefere a primeira opção. Mas há quem goste de colocar lenha na fogueira quando começam as trocas de farpas.
Por isso, especialistas que tratam do assunto são unânimes na dica principal para amenizar os conflitos e não perder o foco: regras claras sobre o propósito do grupo
e do que pode ou não ser tratado neste fórum. E, claro, o cumprimento e a vigilância eterna destas normas.
A consultora em inovação digital Luciane Aquino acrescenta mais uma valiosa (e nem sempre cumprida) sugestão: “pense cinco vezes antes de escrever e não escreva antes de esfriar a cabeça. São interpretações diferentes, são visões diferentes também”, reforça.
Dentro deste universo online e em tempo real, segurar os dedinhos antes de digitar rápido costuma ser interessante para quem pretende preservar a boa convivência com vizinhos.
Outro questionamento que cabe perfeitamente neste contexto é sugerido pelo psicólogo e consultor de empresas Fernando Elias José: por que a minha opinião vale mais do que a do outro? “A diferença existe e é saudável, mas se eu xingo alguém, eu acho que a minha verdade deve prevalecer. Eu posso odiar o meu vizinho, mas preciso respeitá-lo. Viver em condomínio não é fácil”, frisa.
Diferenças deste meio
Para Luciane, a sociedade está sofrendo mais uma adaptação da comunicação que estávamos acostumados, de carta, telegrama, telefone, cara a cara, para algo que tem um alcance maior e não há controle. “A tecnologia é uma ferramenta e estamos aprendendo a como nos comunicar dentro das características que essa inovação traz”, ressalta.
Na opinião do consultor Fernando José, este app não deixa de ser uma rede social e precisa ser respeitado e usado como um meio de comunicação. No caso de grupo, todos devem lembrar que o interesse coletivo deve prevalecer e não a necessidade individual. “Deveria vir como uma ferramenta para facilitar e as pessoas se adonam sem res- peitar o conceito de grupo a ser usado no dentro deste senso coletivo”, pontua.
Assim como em qualquer grupo de outra finalidade, inclusive família, no de Whatsapp as pessoas assumem papéis variados. Luciane lembra que há sempre aquele que é polêmico, o indignado que sai e um dia depois volta, o apaziguador, o que coloca fogo nas discussões. Tudo isso faz parte. Só que neste meio de comunicação tudo é amplificado e se torna mais rápido.
Portanto, Luciane explica que é importante lembrar que fazer um comentário neste meio virtual não é o mesmo que ao vivo. Daí cai bem refletir antes de uma postagem: “eu diria isso se estivesse cara a cara com essa pessoa?” Fazer esta projeção auxilia a ter a medida de como esta mensagem vai impactar. Até porque as pessoas lêem o que é escrito e interpretam de acordo com seus valores e crenças. “Não é dizer que as pessoas não devem ter opiniões diferentes, mas é entender que é um ambiente diferente do que a gente está acostumado”, salienta.
Papel dos administradores
Bombeiro, questionador, autoritário. O tom que o Síndico escolhe para se comunicar varia muito conforme a sua personalidade. Mas, independente de características pessoais, é ele que, em geral, assume o papel de mediador da comunicação. Para cumprir bem este papel, o consultor de empresas Fernando Elias José sugere que o gestor lembre, principalmente em casos de discussões, o que importa para o grupo e o motivo da sua existência. Segundo ele, essa é uma forma de retomar o foco e a assertividade para que os assuntos não se percam. “Ressaltar a questão da paciência, resiliência e a clareza nas regras. Quanto mais o síndico conseguir deixar isso claro, mais fácil será para ele”, indica o consultor.
Os administradores também devem levar em conta a diferença de familiaridade que as pessoas têm com a tecnologia. Luciane acredita que, assim como devem se atualizar para não tornar os processos muito analógicos, os síndicos também precisam entender que não podem excluir moradores que não dominam as ferramentas tecnológicas ou
têm limitações, deficiências que não permitem o uso pleno destes meios. Neste contexto, como em outras situações da vida, o melhor é adotar o caminho do meio. Seja na comunicação ou no uso da tecnologia para gerenciar o dia a dia de um condomínio. Usando essa regra do bom senso, ninguém se arrepende e apaga depois.