A retirada das lixeiras dos andares: impactos, desafios e soluções

sustentabilidade e condomínio

Por Tania Goldkorn*


A gestão de resíduos nos condomínios é um tema recorrente e, muitas vezes, polêmico. A retirada das lixeiras dos andares, uma decisão que tem sido adotada por diversos síndicos, traz benefícios, mas também gera resistência por parte dos moradores. Neste artigo, abordaremos os motivos dessa mudança, os desafios enfrentados e as melhores estratégias para sua implementação.

A decisão de remover as lixeiras dos andares geralmente está associada a três fatores principais:

  1. Higiene e Saúde Pública – O acúmulo de lixo nos corredores pode gerar odores desagradáveis, atrair insetos e roedores e aumentar o risco de contaminação, principalmente em locais com coleta irregular.
  2. Normas e Regulamentações – Alguns municípios já exigem que os resíduos sejam descartados diretamente nos locais adequados, como lixeiras centrais no térreo ou subsolo, para melhorar a gestão e facilitar a coleta seletiva.
  3. Segurança e Estética – As lixeiras nos andares podem comprometer a aparência e até mesmo aumentar o risco de incêndios, especialmente quando ficam próximas a elevadores e escadas.

    Os desafios da transição

    Apesar das vantagens, a retirada das lixeiras pode gerar insatisfação e resistência entre os moradores. Os principais desafios incluem:
  • Mudança de hábito: Muitos condôminos estão acostumados à comodidade de descartar o lixo próximo às suas unidades.
  • Acessibilidade: Pessoas idosas ou com mobilidade reduzida podem enfrentar dificuldades para levar o lixo até a área central.
  • Ajustes na infraestrutura: Nem todos os condomínios possuem espaço adequado para centralizar os resíduos de forma organizada e higiênica.

    Como implementar a mudança com sucesso? Para que a retirada das lixeiras dos andares seja bem aceita, é essencial um plano estruturado, que envolva comunicação, adaptação dos espaços e conscientização dos moradores. Algumas ações recomendadas são:
  1. Comunicação e Transparência
    Antes de implementar a mudança, o síndico deve informar os moradores sobre os motivos e os benefícios da decisão. Isso pode ser feito por meio de comunicados nos elevadores, e-mails, reuniões e até vídeos explicativos.
  2. Adaptação da Infraestrutura
    Tudo deve ser pensado, para não causar desconforto e gerar polemicas no condomínio!
    É preciso garantir que área de descarte seja acessível, bem ventilada e devidamente sinalizada.
    A instalação de lixeiras para separação dos resíduos recicláveis e orgânicos também é fundamental.
    Ajustar um único horário de retirada de lixo, criar um modelo eficaz de reciclagem e implantar um modelo a ser testado e pronto para ser corrigido se necessário.
  3. Período de Transição
    Se possível, estabeleça um período de adaptação, permitindo que os moradores se acostumem gradativamente com a nova rotina.

    Conclusão

    A retirada das lixeiras dos andares é uma tendência que busca melhorar a higiene, segurança e sustentabilidade nos condomínios. No entanto, sua implementação exige planejamento e uma boa comunicação para evitar conflitos e garantir a adesão dos moradores. Com estratégias adequadas, essa mudança pode trazer benefícios duradouros para a coletividade.

    Inclusive impactando diretamente na valorização do patrimônio .

    Na cidade de São Paulo, a retirada das lixeiras dos andares pode ser uma exigência do Corpo de Bombeiros, pois os corredores e halls dos prédios são considerados rotas de fuga em caso de incêndio.

    A presença de lixeiras nesses espaços pode representar um risco à segurança, seja por obstrução da passagem, propagação de fogo ou pela liberação de fumaça tóxica em caso de combustão do lixo armazenado.

    A Instrução Técnica no 11/2018 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que trata sobre saídas de emergência em edifícios, estabelece que as rotas de fuga devem estar livres de obstáculos e materiais combustíveis. Como os resíduos descartados frequentemente contêm materiais inflamáveis, a presença de lixeiras nos andares pode comprometer a evacuação segura dos moradores.

    Pensar em redução de custos como, por exemplo, a economia dos elevadores para coletar uma única vez ou que cada morador desça com seu próprio descarte faz a diferença.

    Economia de sacos de lixo, sem lixeiras, menos sacos de lixo! Limpeza e coleta seletiva ajudam a trazer bem-estar.

    E finalmente depois da manobra para que o condomínio se adapte, todos vão sair ganhando e terão um selo verde de sustentabilidade.

    O planeta agradece.

*Síndica Profissional com mais de 13 anos de experência. Especialista em gestão de condomínios de alto padrão. Colunista e palestrante do mercado condominial. Além de administrar alguns dos condomínios mais luxuosos de São Paulo, auxilia outros síndicos a se prepararem para buscar o mercado de alto padrão.

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